Combustível da Fórmula 1: Que Tipo de Combustível os Carros de F1 Usam?

Os carros da Fórmula 1 não funcionam mais com gasolina pura. Em 2024, o esporte passou a exigir o uso de combustível E10, uma mistura de aproximadamente 90% de gasolina sem chumbo e 10% de etanol renovável. Essa mudança marcou o primeiro passo em uma iniciativa maior de sustentabilidade: sob a próxima geração de unidades de potência híbridas previstas para 2026, as equipes de F1 farão a transição para um combustível totalmente sustentável e neutro em carbono que mantém a emoção das corridas enquanto reduz drasticamente as emissões.

Mas, como se trata de F1, nunca é tão simples…

Embora o combustível da F1 não possa conter compostos que não são encontrados na gasolina usada em carros de rua nos postos, os combustíveis utilizados possuem uma composição diferente.

Grande Prêmio da Hungria de 2019, quinta-feira (imagem cortesia Mercedes-AMG Petronas)

Combustível da F1

Embora o combustível comercial e o da F1 sejam misturados com os mesmos produtos químicos, o produto final feito para cada equipe de Fórmula 1 é altamente otimizado para desempenho máximo por cada fabricante. Isso significa que o combustível feito pela Shell é otimizado para a Ferrari, e não teria o mesmo desempenho se fosse usado pela equipe Mercedes.

A F1 tem se mantido na vanguarda no que diz respeito ao combustível e viu muitos dos avanços na tecnologia de combustíveis serem adotados comercialmente. Por exemplo, até o final da temporada de 2021, os regulamentos da F1 determinavam que o combustível devia conter 5,75% de biocomponentes. Dois anos após a implementação dessa regra pela FIA, isso também virou lei para combustíveis comerciais na Europa.

Para a temporada de F1 de 2022 e além, a proporção de biocomponentes aumentou para 10% com a introdução do combustível E10.

Max Verstappen da Holanda e Pierre Gasly da França, ambos da Red Bull Racing, posam com latas históricas da Esso e Mobil para comemorar a 1000ª corrida da Fórmula 1 durante as prévias antes do GP da China em Xangai, 2019. (imagem cortesia Red Bull Racing)

Com os novos regulamentos da Fórmula 1 para a temporada de 2022 (adiados devido ao impacto da Covid‑19), o órgão regulador do esporte quis elevar a proporção de biocomponentes para 10%, com o objetivo final de um combustível 100% sustentável para 2026.

Essa foi uma mudança enorme para as equipes, com o chefe da unidade de potência da Mercedes, Hywel Thomas, dizendo: “A mudança este ano para o E10 é provavelmente a maior mudança regulatória que tivemos desde 2014… não se deve subestimar o tanto de trabalho que isso demandou.”

Que octanagem tem o combustível usado na F1?

O combustível usado em um carro de F1 tem no mínimo 87 octanas, de acordo com a exigência de que a gasolina utilizada deve ser similar à encontrada nos postos para carros de rua. Frequentemente, há um equívoco de que o combustível de F1 seja uma mistura de alta octanagem completamente diferente, mas esse não é o caso.

As características completas do combustível da F1 podem ser conferidas na tabela abaixo.

[…]

Quanto combustível usam os carros de Fórmula 1?

Em vez de ser calculado em litros ou galões, a quantidade de combustível usada por um carro de F1 é medida em peso. Desde 2019, os regulamentos permitem que um carro use até 110 kg (242 libras) de combustível por corrida.

Esse número aumentou em relação aos 105 kg (231 libras) permitidos em 2018, já que os dirigentes da F1 queriam que os pilotos pudessem pilotar no limite, volta após volta, sem se preocupar em economizar combustível. Isso resultou em corridas mais intensas nas últimas voltas, pois os pilotos sabem que terão combustível suficiente para terminar a prova.

Outra mudança introduzida em 2020 é que os carros só podem ter 250ml de combustível fora do tanque de combustível (chamado de bexiga, feito de uma única peça de borracha), o que representa uma redução frente aos dois litros permitidos em 2019.

Isso visa impedir que as equipes tentem obter vantagem mantendo grandes quantidades de combustível fora do tanque.

Os carros de F1 reabastecem?

Não. O reabastecimento durante as corridas foi banido a partir da temporada de 2010 por motivos de orçamento e segurança.

As equipes recorreram primeiro à FIA e ao então chefe da F1, Max Mosley, solicitando o fim do reabastecimento para reduzir custos, visto que transportar os equipamentos de combustível ao redor do mundo era muito caro.

Inicialmente rejeitada, a proposta acabou aprovada ao considerar tanto a segurança quanto o equilíbrio competitivo. Um exemplo é o GP do Brasil de 2009, quando Heikki Kovalainen partiu do pit com o equipamento de reabastecimento ainda acoplado, causando um incêndio que atingiu Kimi Raikkonen.

Como os carros de F1 não ficam sem combustível?

Para garantir que um carro de F1 não fique sem combustível durante a corrida, os engenheiros das equipes fazem cálculos de consumo por volta desde os testes de inverno e ajustam esses números corrida a corrida conforme modificações no carro e condições da pista.

Durante os treinos livres, diferentes ritmos de corrida são simulados para permitir ajustes precisos na estratégia de combustível.

O carro é então abastecido com base nesses cálculos, visando terminar a corrida com o menor peso extra possível.

Pode-se usar combustível comum em um carro de Fórmula 1?

Os regulamentos da FIA determinam que o combustível usado em um carro de F1 deve ser similar ao que se comercializa nos postos. Como sempre, a F1 inova explorando os limites do desempenho do motor dentro da legalidade.

Curiosamente, a Shell e a Ferrari fizeram um experimento em 2011 colocando o combustível vendido nos postos Shell em um carro de F1 de 2009 durante um teste especial em Fiorano.

Fernando Alonso pilotou e fez quatro voltas com o combustível de corrida e depois quatro voltas com o combustível comercial.

No teste, Alonso marcou 1:03.950 com o combustível de corrida. Com o combustível comercial, foi apenas 9 décimos mais lento. O combustível de corrida favoreceu a aceleração, enquanto o comercial deu maior velocidade final!

De forma talvez ensaiada para propaganda, Alonso disse: “99% da composição do Shell V-Power de corrida é idêntica à combustível de rua vendido nos postos Shell. O V-Power de rua parecia tão rápido quanto o de F1. Uma boa surpresa.”

Que combustível os carros de F1 usam? Fernando Alonso fez um teste interessante em 2011 com a Ferrari.
Fernando Alonso (imagem cortesia Scuderia Ferrari Press Office)

Então, que combustível os carros de F1 usam? Na verdade, ele é surpreendentemente próximo do que você coloca no seu carro!

Mas a F1 é o auge do automobilismo, e o combustível da F1 é o auge da gasolina 😉

Combustível da F1: Fatos e Estatísticas

  1. Carros de F1 usam combustível especial conhecido como “combustível de corrida de alta octanagem”.
  2. Para melhorar o desempenho, os combustíveis incluem aditivos e agentes para otimizar a combustão.
  3. A FIA regula as especificações e composição do combustível da F1.
  4. Cada equipe possui fornecedores exclusivos que ajustam o combustível às características do motor.
  5. O combustível da F1 atende a rigorosas normas de segurança para minimizar riscos de incêndio.
  6. Nos últimos anos, há um movimento em prol de combustíveis sustentáveis, como biocombustíveis avançados ou sintéticos.
  7. A composição exata é altamente confidencial, conhecida apenas por fabricantes e equipes.
  8. A eficiência de combustível é crucial na estratégia de corrida, com foco em desempenho e baixo consumo.
  9. A quantidade máxima de combustível permitida por corrida é 110 kg.
  10. Em média, carros de F1 usam 110 litros de combustível por corrida.
  11. O consumo médio é de 0,5 litro por quilômetro.
  12. Cerca de 16% do peso total de um carro de F1 é combustível.
  13. Por temporada, uma equipe consome em torno de 350.000 litros de combustível.
  14. O maior consumo registrado em uma única corrida é de 145 litros.
  15. Os pilotos usam cerca de 50% do combustível total nas primeiras 20 voltas.
  16. A eficiência aumentou 15% na última década.
  17. As equipes podem gastar até US$ 2 milhões em combustível por temporada.
  18. Combustível representa cerca de 7% do orçamento total de uma equipe.

Perguntas Frequentes sobre o Combustível da F1

Que tipo de combustível os carros de Fórmula 1 usam?

Os carros modernos de F1 utilizam gasolina sem chumbo misturada com etanol renovável. Sob os regulamentos atuais, essa mistura é chamada de E10, com cerca de 90% de gasolina premium e 10% de bioetanol.

As equipes ajustam suas unidades de potência híbridas para extrair a energia máxima dessa mistura, respeitando os limites de vazão e capacidade.

Como o combustível da F1 difere da gasolina comum de carro?

Embora ambos sejam à base de gasolina, o combustível da Fórmula 1 é formulado para máxima eficiência e potência. Possui maior octanagem que a gasolina comum e contém níveis controlados de oxigenados como o etanol. Cada lote precisa atender a parâmetros químicos rigorosos para evitar vantagens desleais com aditivos exóticos. Já a gasolina de carros de rua tem composição mais flexível e menor octanagem, adequada a vários tipos de motores e condições.

Por que a Fórmula 1 está migrando para combustível sustentável?

A F1 se comprometeu a se tornar neutra em carbono até 2030. Um dos pilares desse plano é adotar um combustível totalmente sustentável e neutro em carbono até 2026. A série quer desenvolver combustíveis que funcionem tanto em motores de corrida quanto em carros de rua, ajudando na descarbonização do transporte sem abandonar os motores a combustão. O combustível sustentável é feito a partir de fontes renováveis como biomassa residual ou carbono capturado, resultando em emissões significativamente menores ao longo de seu ciclo de vida.

Como o combustível é gerenciado durante um fim de semana de Grande Prêmio?

Estratégia de combustível é uma parte crítica na F1. As equipes devem declarar a quantidade de combustível antes da corrida e não podem reabastecer durante a prova. Os engenheiros calculam exatamente o necessário para completar a distância planejada na velocidade ideal, deixando um litro extra obrigatório para inspeção. Carro mais leve é mais rápido, mas pode não terminar; combustível extra pesa e atrasa. Dados dos treinos, previsão do tempo e estratégia de pneus influenciam nas decisões finais.

Quais mudanças virão nos regulamentos de combustível da F1 em 2026?

Em 2026, a F1 introduzirá novas unidades de potência híbridas e combustíveis totalmente sustentáveis. Os motores da nova geração gerarão mais energia por componentes elétricos e menos por combustão interna, e o combustível será produzido 100% a partir de fontes renováveis, sem derivados do petróleo. O objetivo é reduzir emissões sem comprometer a velocidade e emoção das corridas. A FIA trabalham junto a fornecedores para garantir que o combustível possa ser usado também por carros de rua, incentivando o uso de combustíveis de baixo carbono.

Traduzido do artigo original em inglês “Formula 1 Fuel: What Fuel Do F1 Cars Use?

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