Lewis Hamilton Explica Como Guiar Um Carro de F1 em Mônaco

O Circuit de Monaco é o menor traçado da F1, com apenas 3.337 km de extensão. Isso é quase um quilômetro mais curto do que o próximo menor, que é Zandvoort.

Ele também tem a menor distância da pole position até a primeira zona de frenagem no calendário da F1 de 2024, com apenas 114 metros. Isso significa que há menos oportunidade de realizar uma ultrapassagem na primeira volta.

Apenas 42% do tempo de volta em Mônaco é em aceleração total, o menor percentual entre todas as pistas da F1 no calendário deste ano.

É uma volta bastante ocupada em termos de trocas de marcha, com 52 ocorrendo em cada volta, mas dado o traçado curto e a falta de retas longas, outras pistas como Baku (68) possuem muito mais trocas de marcha.

Aqui, Lewis Hamilton e Marcus Dudley (Engenheiro de Performance do Carro nº 44 da Mercedes) falam sobre o que é necessário para guiar um carro de F1 pelas ruas de Mônaco…

O que torna Mônaco um desafio tão único?

Embora muitos circuitos de rua tenham sediado corridas de Fórmula 1 ao longo dos anos, nenhum é como Mônaco. O cenário, a história, o risco e a recompensa. Muitos fatores tornam Mônaco um dos desafios mais únicos da F1.

“Vencer lá em 2008, eu senti como se estivesse no topo da montanha mais alta do mundo”, explica Lewis Hamilton. “Tantas coisas diferentes precisam se encaixar para que isso aconteça e é uma pista onde você simplesmente não pode deixar nada de fora.”

Carros competem nas ruas de Mônaco desde 1929 e na F1 desde a temporada inaugural do esporte, em 1950. Conhecido por seu glamour e prestígio, faz parte da Tríplice Coroa do automobilismo, ao lado das 500 Milhas de Indianápolis e das 24 Horas de Le Mans.

E enquanto essas outras duas corridas são mais focadas em resistência, o Grande Prêmio de Mônaco é uma corrida muito mais curta, mas com níveis incríveis de intensidade e concentração.

No que diz respeito ao traçado, o circuito é dominado por curvas de baixa e média velocidade, incluindo algumas das curvas mais lentas do calendário. Seu layout estreito pouco mudou ao longo dos anos, mas os carros com certeza mudaram… o que apenas aumenta o desafio de encontrar espaço nas sinuosas ruas de Mônaco.

Quão difícil é a pista para os pilotos?

Lewis resume bem. “Normalmente, após essa corrida, você está mentalmente destruído por uns dois dias.” Outras pistas exigem uma mistura de força física e mental, mas em Mônaco, o foco é muito mais no lado mental, devido aos altos níveis de concentração necessários para completar uma volta.

“Mônaco é provavelmente o circuito que exige mais concentração e foco mental”, acrescenta Lewis. “Por ser um circuito de rua, pelo fato de ser bastante curto e por não ter retas muito longas. Não é um circuito extremamente físico porque não estamos em curvas de altíssima velocidade gerando forças G como em Barcelona. Mas sua mente precisa trabalhar muito mais rápido.”

Ao longo de uma única volta em Mônaco, há pouco tempo para os pilotos descansarem, elevando a multitarefa a um novo nível. Equilibrar freio, acelerador, direção, lidar com as forças e sentir o comportamento do carro através do corpo, além de prestar atenção ao entorno – há muito o que administrar em cada volta!

Também é necessário considerar que os pilotos fazem alterações nos botões e no volante durante a volta. Com poucas retas, quase não há oportunidades para soltar as mãos do volante e fazer esses ajustes. Então, as equipes realmente precisam avaliar se vale o risco de o piloto realizar mudanças nos comandos e garantir que eles saiam já com as configurações corretas para minimizar o esforço.

O que é necessário no acerto do carro?

As equipes se preparam para o fim de semana do GP de Mônaco como em qualquer outra corrida, fazendo suas simulações habituais nos computadores e com o piloto no simulador para experimentar diferentes opções de acerto. Depois, aplicam esses aprendizados nas sessões de treino, ajustando o setup conforme o fim de semana avança.

A classificação tem muito mais importância em Mônaco do que em outras pistas, porque é muito difícil ultrapassar na corrida. O traçado é muito estreito, há apenas uma zona de DRS e poucas retas longas e zonas de forte frenagem que favoreçam as ultrapassagens. Isso também dá mais ênfase à estratégia de corrida, como forma de ganhar posições.

As velocidades nas curvas de Mônaco são muito baixas, por isso as equipes precisam aplicar o máximo de downforce possível no carro. Elas também alteram o setup da geometria da direção para lidar melhor com o ‘hairpin’ extremamente fechado e aumentam a altura do carro para enfrentar as ondulações das ruas de Mônaco.

O acerto precisa ser consistente e previsível, com um carro mais estável levando a menos erros e surpresas. O tempo de pista também é muito importante, já que Mônaco é uma pista onde os pilotos precisam ganhar confiança e ritmo aos poucos – perder tempo de treino pode ter um efeito negativo em cascata.

“Para dominar uma volta em Mônaco, é claro que você precisa de um carro leve e ágil, com ótimo downforce, a relação ideal entre peso e potência, estar na posição certa de pista, com ar limpo à frente, comprometimento – você precisa estar disposto a encostar nos muros”, comenta Lewis.

“É uma pista onde você precisa conseguir comer o bolo e guardá-lo ao mesmo tempo, em termos de como se aproxima de cada curva. Em outros circuitos, você freia um pouco mais cedo a cada volta, na entrada. Depois trabalha o máximo possível para acertar a saída. Em Mônaco, você quer tudo tanto na entrada quanto na saída da curva.”

Assista: Como Guiar Um Carro de F1 Em Mônaco

As informações neste artigo foram fornecidas pela Mercedes-AMG Petronas F1 Team.

Traduzido do artigo original em inglês “Lewis Hamilton Explains How To Drive An F1 Car Around Monaco“