Explicado: As Causas e o Impacto do Gristering e Graining na F1

Ao longo de uma corrida de Grande Prêmio de F1, os pneus podem se desgastar rapidamente. Problemas de desgaste dos pneus como graining e blistering inevitavelmente surgirão, prejudicando potencialmente o desempenho. Entre os principais culpados pelos danos nos pneus na F1? Calor excessivo.

Dependendo de quão duros eles são, os pneus de corrida da Fórmula 1 funcionam de forma ideal em temperaturas entre 85°C (185°F) e 140°C (284°F). No entanto, em clima quente e em altas velocidades, a temperatura dos pneus pode subir para até 149°C (300°F), ponto em que a probabilidade de dano aumenta dramaticamente.

A natureza do dano dependerá em grande parte de onde o superaquecimento ocorre – dentro do pneu ou em sua superfície. Como você verá, o primeiro resulta em um tipo de dano chamado blistering, enquanto o segundo gera um defeito conhecido como graining. Vamos analisar mais de perto o que cada tipo de dano envolve, o que o causa, qual seu impacto e como os pilotos e equipes tentam evitá-lo.

Blistering na Fórmula 1

O que é blistering?

No Grande Prêmio da Itália de 2018, Kimi Raikkonen da Ferrari parecia prestes a receber a bandeira quadriculada. Infelizmente, devido ao que o fabricante de pneus Pirelli chamou de “tempestade perfeita de circunstâncias”, o blistering de pneus frustrou as esperanças de Raikkonen de subir ao pódio.

Na F1, o blistering ocorre quando temperaturas extremamente altas começam a enfraquecer as ligações entre as camadas internas do pneu. Como resultado, grandes pedaços de borracha se soltam do pneu, criando um efeito esburacado.

O que causa o blistering?

O superaquecimento dentro do corpo do pneu que causa o blistering pode ocorrer por várias razões nas corridas de Fórmula 1:

• A temperatura do asfalto pode estar quente demais para que os pneus suportem;
• Alternativamente, os pneus podem ser muito macios para a pista;
• Os pneus podem estar superinflados, resultando em aumento de aquecimento à medida que o carro ganha velocidade e a força descendente aumenta;
• Uma suspensão muito rígida pode sobrecarregar os pneus, forçando-os a agir como amortecedores, o que causa mais tensão e superaquecimento.

Qual é o impacto do blistering?

O blistering é um tipo particularmente perigoso de dano aos pneus nas corridas de Fórmula 1. Como o blistering remove grandes pedaços dos pneus do carro, a tração fica seriamente comprometida, causando instabilidade geral e possíveis estouros perigosos. O risco de o piloto perder o controle e bater o carro aumenta significativamente.

Graining na Fórmula 1

O que é graining?

No meio da corrida curta do Grande Prêmio de Imola de 2022, Fernando Alonso da Alpine viu sua posição no grid escorregar, à medida que o graining causava a rápida erosão dos pneus.

Bastante comum em pneus de alto desempenho como os usados na F1, o graining ocorre quando o calor excessivo na superfície do pneu faz com que tiras de borracha comecem a se soltar dele. Essas tiras soltas depois se fundem novamente ao pneu, resultando em uma textura irregular parecida com uma lixa.

O que causa o graining?

O calor excessivo na superfície do pneu que resulta no graining é causado por fricção. Essa fricção ocorre quando os pneus deslizam pela superfície da pista, geralmente em curvas e durante frenagens. Esse calor faz com que o composto do pneu comece a se degradar, enfraquecendo a borracha e permitindo o surgimento de rasgos.

Esse tipo de deslizamento dos pneus pode ocorrer por vários motivos:

• Arrasto lateral dos pneus como resultado de subesterço ou sobresterço;
• Quicadas ou arrastos dos pneus devido a configuração incorreta da suspensão;
• Pressão incorreta dos pneus;
• Camber incorreto – o ângulo do pneu em relação a uma estrada ou pista plana;
• Composto de pneu inadequado – isto é, pneus muito macios para as condições da pista.

É importante notar que esses tipos de condições também são mais propensos a causar graining se o piloto acelerar totalmente antes que os pneus tenham aquecido adequadamente.

Qual é o impacto do graining?

A superfície ondulada do pneu causada pelo graining apresenta um contato irregular entre o pneu e o asfalto, diminuindo a aderência e causando mais arrasto e deslizamento. Assim como com o blistering, o graining reduz o controle do piloto, embora a perda de controle tenda a ser menos significativa neste caso.

Pilotos habilidosos frequentemente conseguem continuar correndo mesmo com graining até que a fricção adicional desgaste o excesso de borracha. Ainda assim, os carros de F1 podem perder velocidade com pneus com graining, pois fazer curvas se torna particularmente desafiador. Mais tempo será perdido se o piloto acabar sendo obrigado a ir aos boxes para trocar os pneus.

Como as equipes de F1 evitam graining e blistering

Agora que você entende o básico de graining e blistering, algumas práticas comuns da Fórmula 1 – tanto no pit quanto na pista – podem fazer mais sentido para você.

Para começar, as equipes de F1 são muito cuidadosas com os pneus que estão em seus carros em cada momento da corrida. Isso se refere à dureza do composto do pneu, que varia de C5 (mais macio) a C1 (mais duro), e ao clima para o qual foi projetado (molhado ou seco). Como você deve se lembrar, pneus inadequados estão entre as causas mais comuns de desgaste excessivo de pneus na F1.

Evitar esses tipos de danos aos pneus é o principal motivo pelo qual os pilotos de F1 têm maior probabilidade de pegar leve no início da corrida. Eles estão evitando sobrecarregar seus pneus antes que tenham tido a chance de atingir a temperatura ideal de desempenho, às vezes chamada de janela de operação. A necessidade de atingir essa janela o mais rápido possível também explica os cobertores térmicos que você pode ter notado nos pneus dos carros de F1 antes das corridas.

Além de serem mestres em aquecer uniformemente seus pneus, os pilotos de F1 têm um senso apurado das capacidades dos pneus em qualquer ponto da corrida. Eles tomam cuidado para não sobrecarregar os pneus em curvas antes que tenham atingido sua janela de operação. Isso garantirá níveis máximos de tração, reduzindo assim a probabilidade de arrasto dos pneus e danos resultantes.

Fabricantes de pneus de alto desempenho, como a Pirelli, que atualmente é a única fornecedora da F1, estão continuamente atualizando sua tecnologia para produzir pneus mais resistentes ao blistering, ao graining e a outros desafios de desgaste. Entretanto, cabe em grande parte aos pilotos garantir que seus pneus sejam devidamente aquecidos para maximizar seu desempenho – e à equipe de boxes trocar rapidamente qualquer pneu danificado.

Traduzido do artigo original em inglês “Explained: The Causes And Impact Of Graining & Blistering In F1“